Nesta breve história da Puglia conto um pouco das suas origens e também da influência grega. A importância do catolicismo após a era de ouro sob os domínios normando e suábio. O renascimento e a modernização na era napoleônica. O boom econômico depois de sofrer durante a Grande Depressão e as guerras.

 

História da Puglia: A ponte para o oriente

Iniciamos esta breve história da Puglia com o oriente. Portanto a Puglia sempre teve estreito contato com as terras do outro lado do Adriático de onde vieram os primeiros habitantes. Vestígios destes foram encontrados em Bisceglie (BT) e Martano (LE). No sul da Itália, os gregos fundaram suas colônias, como a antiga Taras, hoje Taranto. Os gregos influenciaram muitas populações nativas da região (ver museus MarTA, em Taranto, e Jatta, em Ruvo di Puglia). O contato com o oriente foi preservado pelos romanos nas ruínas de Egnazia, em Fasano (BR), nas portas da antiga Lupiae, hoje Lecce, e na “Regina Viarum”, a Via Appia, que ligava Roma ao porto de Brindisi.

 

Afresco na igreja rupestre de Santa Sofia em Ginosa (TA)

História da Puglia: A idade média

A história da Puglia conta que a região superou os primeiros séculos da Idade Média. Principalmente em meio ao fim do Império Romano e do advento do cristianismo. Além dos transtornos causados pelas batalhas com os povos do norte, os bárbaros. E se fortaleceu fazendo parte do Império de Constantinopla. Os registros daquela época são, por exemplo, os antigos mosteiros rupestres com afrescos nas ravinas de Taranto. Inúmeras igrejas bizantinas e de cultos latinos, como beneditino, nas Ilhas Tremiti (FO). Os restos das fortificações contra a ameaça lombarda além dos Apeninos. Também o assentamento de populações de língua grega, ainda presente na chamada Grécia Salentina.

Assim sendo a Puglia viu a sua era de ouro sob as dominações Normanda e Suábia.  Proliferam-se construções em estilo Romanico-Pugliese com predominância do uso de pedra local. Destaque principal para o Castel del Monte de Andria construído pelo Imperador Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico.Também a Basílica de San Nicola, em Bari, e as catedrais de Trani e Altamura (BA). Nos poucos bosques localizados, em particular, na Daunia e no Gargano, sobrevivem santuários rupestres. No entanto, o Monte Sant’Angelo (FO), ainda hoje, é um destino para os peregrinos.

Todavia no fim da Idade Média o catolicismo ganhou mais importância na Puglia. Na região foi decidida a unidade da Europa sob o bispo de Roma. As relíquias de San Nicola di Mira foram transferidas do Oriente cada vez mais otomano para Bari. Estabeleceram-se comunidades Franco-Provençal de Celle (FO) e Faeto (FO). Enquanto, a nobreza Angevina se aventurou por conquistas além-mar, as cruzadas zarpavam para o Oriente dos portos de Barletta e Otranto (LE). Os vice-reis de Napoli das dinastias espanholas tiveram suas maiores rendas da alfândega di Capitanata. Ainda em Foggia, a alfândega arrecadava impostos dos pastores de Abruzzo que passavam o inverno com seus rebanhos nas planícies do Tavoliere.

 

História da Puglia: O Imperador Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico

A Puglia Imperial de Frederico II é marcada pelos castelos, pelo intercâmbio entre as culturas latina, grega e árabe e pelas suas idéias universalistas de um império medieval unido. Frederico II foi Rei da Sicília, Duque da Suábia, Rei de Jerusalém, Rei dos Romanos e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Era descendente da dinastia imperial da Suábia, Hohenstaufen (neto de Frederico I, o Barba Ruiva), e da dinastia normanda, Hauteville (fundadores do Reino da Sicília). Nasceu, em 1194, em Jesi (Marche), cresceu na Sicília e viveu na Puglia. Construiu em Lucera, o seu Palatium e ergueu uma colônia sarracena (Luceria Saracenorum). Viveu em Monte Sant’Angelo e em Gioia del Colle. Em Altamura, construiu a sua única catedral. Do castelo de Barletta Frederico II partiu para a sexta cruzada.

 

Os Templários

A Puglia, no sul da Itália, devido à sua posição estratégica como ponte entre o Ocidente e o Oriente, fazia parte do caminho dos peregrinos, cavaleiros e mercadores para a Terra Santa porque possuía alguns dos principais portos de embarque, por exemplo, Barletta, Trani e Brindisi.

Os templários estavam na Puglia desde 1143, onde encontraram terra fértil para o cultivo de trigo, vinho e azeite e extensas pastagens para os rebanhos de bois e búfalos para a produção de carne, leite e lã. Os templários construíram igrejas e hospitais, que eram base de apoio para os peregrinos iam e vinham da Terra Santa. Barletta foi a sede da Ordem na Puglia.

 

A idade moderna

A partir da moderna história da Puglia, a região segue o mesmo destino contraditório do resto do sul da Itália. Acima de tudo era uma terra de paz mesmo com guarnições fortificadas ao longo da costa. Todavia a constante ameaça otomana se concretizou em 1480 e ficou conhecida como a Batalha de Otranto. Além disso, a Inquisição eliminou a presença judaica nas cidades de Bari, Lecce, Oria (BR) e Trani. No entanto restou uma sinagoga no antigo bairro hebraico de Trani. Albaneses de religião cristã bizantina fundaram Casalvecchio di Puglia (FO), Chieuti (FO) e San Marzano di San Giuseppe (TA).

Belas cidades surgem no meio de oliveiras antigas, principalmente, como o patrimônio da humanidade da Unesco Alberobello (BA). A monocultura de cereal, na Murge, foi introduzida no cardápio pugliese. Destaque para os alimentos de farinha de trigo duro, como, por exemplo, o pão de Altamura, a focaccia, orecchiette e strascinate salentina.

As obras de arte da região foram protegidas em coleções particulares. Por exemplo, O ciclo de pintura de Paolo Finoglio, em estilo Caravaggio, inspirado na “Jerusalém Libertada” de Tasso, em Conversano (BA). Conheça as igrejas em estilo barroco, adaptadas no Salento graças à macia pedra local utilizada.

 

O renascimento e a unificação da Itália

Primeiramente, o renascimento na história da Puglia começou na Era Napoleônica, com o seu o espírito libertário e as novas configurações urbanísticas em muitos centros, como o bairro “Murat” em Bari. A unificação da Itália inseriu a Puglia em um contexto econômico mais amplo. Em outras palavras, favoreceu o desenvolvimento do setor agroalimentar e do sistema ferroviário. O termo “ferrovia” batizou um famoso tipo de cereja cultivada para exportação. Os vinhos da Puglia chegaram as adegas e restaurantes do norte do país, onde tornou-se habitual pedir um “Trani”. Os óleos saíram da Puglia não só para tornarem sabonetes em Marselha. Contudo muitas revoltas das massas rurais surgiram contra os novos governantes (brigantaggio).

A burguesia dos principais centros se fortaleceu e nasceram bairros e teatros no novo estilo floral “Liberty”. Construiu-se uma impressionante rede pública de água e esgotos para resolver o problema da escassez de água. A sede é o belíssimo edifício do Aqueduto Pugliese, em Bari. Enfim, sendo uma região voltada para o mar, expandiram-se os portos de Bari e Brindisi. O porto de Taranto se modernizou com a ponte giratória. E passou a abrigar o arsenal militar e parte da frota armada nacional.

 

Vittorio Emanuele III e seu exército em Brindisi

As guerras

Primeiramente, não se pode fazer uma breve história da Puglia sem falar das guerras e sua consequências. A Primeira Guerra Mundial exigiu o derramamento de sangue também dos cidadãos puglieses, homenageados nas principais praças com importantes monumentos.

Todavia no período fascista italiano a Puglia parecia se tornar a porta de entrada para o Oriente e para os Balcãs. Inaugurou-se em Bari, da Fiera del Levante, feira comercial, ainda hoje ativa, com eventos durante todo o ano. A crise da Grande Depressão forçou a região se fechar para o mercado interno. A planície de Tavoliere, voltou a ser o “celeiro da Itália” como no século anterior. A necessidade de fibras têxteis fez disseminar o cultivo de linho e cânhamo.

Embora a pouca industrialização a região evitou, de um certo modo, uma maior destruição durante a Segunda Guerra Mundial. E mais, Contudo os principais portos foram atingidos e Foggia foi bombardeada pelos aliados. No entanto, Brindisi se tornou a capital do governo durante a fuga de Vittorio Emanuelle III de Roma por causa do avanço para o norte dos aliados com a participação de um pequeno contingente brasileiro (Força Expedicionária Brasileira).

 

O boom econômico

Na história da Puglia o boom econômico tem uma importância fundamental com as manifestações dos sindicatos dos trabalhadores. Depois da II Guerra Mundial, a Puglia permanece uma área rural. No entanto, tornou-se um dos principais centros políticos de lutas dos trabalhadores do sul. Enquanto, na Capitanata, os trabalhadores encontraram a liderança no importante sindicalista Giuseppe Di Vittorio.

Todavia somente com o boom econômico dos anos 50 e 60 a região viu uma transformação industrial. Por exemplo, surgem os parques industriais do aço em Taranto, petroquímico em Brindisi e Manfredonia (FO), e metal mecânico em Bari e Modugno (BA).

Nos anos 70, a crise do petróleo ameaçou gravemente a indústria nacional. Ao mesmo tempo, na Puglia, se desenvolveu a indústria manufatureira. Depois disso se transformou em pólos industriais. Principalmente, estofados na Murge, e têxtil e calçados no norte de Bari e na província de Lecce.

 

Lagos Alimini ao norte de Otranto (LE)

A Puglia e o turismo

Enfim, esta breve história da Puglia termina no final do século XX. A desindustrialização causou um avanço do setor de serviços. Conseqüentemente, um aumento do número de vôos de companhias low-cost nos aeroportos de Bari e Brindisi. Em conclusão, a Puglia voltou a valorizar os seus recursos naturais e descobriu a sua vocação turística.

O litoral íngreme e a Floresta Umbra fizeram do Parque Nacional do Gargano o principal destino para campistas. Da mesma forma, na Murge, criaram-se o museu paleoantropológico que é dedicado ao Homem de Neandertal. Também o Vale dos Dinossauros contém vestígios de animais pré-históricos, ambos em Altamura (BA). No Valle d’Itria ou Vale dos Trullos se encontram inúmeros agroturismos e masserias, antigas fazendas fortificadas.

O Salento valorizou suas atrações naturais, por exemplo, as reservas de Torre Guaceto, em Carovignio (BR), e de Les Cesine, em Vernole (LE), os Lagos Alimini, em Otranto (LE), e a gruta Zinzulusa, em Castro (LE). Tornou-se um destino turístico internacional de verão. Por exemplo, o verão oferece por toda a região eventos culturais, sagras e festivais de música, como “La notte della Taranta”. Em outras palavras, siga as estradas de terra e os muros de pedra seca porque no fim você irá degustar a culinária tradicional em uma paisagem única.